O Grito que foi ouvido no deserto, na verdade é a Palavra, João é a voz Jesus é a Palavra. Palavra encarnada que nos vem
libertar de toda prisão, escravidão, do pecado e da morte. O deserto
pode ser o lugar muito temido, pouco conhecido, cheio de perigos e
também de graças, mas quem faz uma verdadeira experiência no Deserto
encontra, ouve, mata sua sede, revigora suas forças. Eu costumo dizer
quando as coisas estão muito difíceis: “O deserto vai florir!”
Nele esta cheio de vida que não se vê, basta uma chuvarada e ele se
enche de verde, de flores. Porque o deserto é o lugar do encontro com
Deus, consigo mesmo, onde Jesus venceu o demônio pelo poder da Palavra e
da oração (cf. Mt 4, 1-11). E o homem vence a si mesmo. Preste atenção
se você esta vivendo um “deserto”. Este é o lugar da manifestação de
Deus e da vitória do homem.
Uma voz clama no deserto: “Preparai o caminho do Senhor, aplainai a estrada de nosso Deus”
(Is. 40,3). O profeta afirma claramente que não será em Jerusalém, mas
no deserto que se realizará esta profecia, isto é, a manifestação da
glória do Senhor e o anúncio da salvação de Deus para toda a humanidade.
Na
verdade, tudo isto se realizou literalmente na história, quando João
Batista anunciou no deserto do Jordão a vinda salvífica de Deus e ali se
revelou a salvação de Deus. De fato, Cristo manifestou-se a todos em
sua glória quando, depois de seu batismo, os céus se abriram e o
Espírito Santo, descendo em forma de pomba, pousou sobre ele; e a voz do
Pai se fez ouvir dando testemunho do Filho: “Este; é o meu Filho amado, escutai-O” (Mt. 17,5).
Estas
coisas foram ditas por que Deus deveria vir ao deserto, desde sempre
fechado e inacessível. Com efeito, todas as nações pagãs estavam
privadas do conhecimento de Deus, e os homens justos e os profetas de
Deus nunca haviam penetrado nelas.
Por
este motivo, a voz ordena que se prepare um caminho para a Palavra de
Deus e se aplainem os terrenos escarpados e ásperos, a fim de que nosso
Deus possa entrar quando vier. Preparai o caminho do Senhor
(Mc. 1,3) é esta a pregação evangélica que traz um novo consolo e
deseja ardentemente que o anúncio da salvação de Deus chegue a todos os
homens.
Sobe
a um alto monte, tu que trazes a boa-nova a Sião. Levanta com força a
voz, tu, que trazes a boa-nova a Jerusalém (Is. 40, 9). Depois que sem
mencionou a voz que clama no deserto, convêm perfeitamente estas
palavras, que se referem aos evangelistas e anunciam a vinda de Deus
entre os homens. De fato, a alusão aos evangelistas devia logicamente
seguir a profecia sobre João Batista.
Que
Sião é esta, senão a que antes se chamava Jerusalém? Era realmente um
monte, como declara esta palavra da Escritura: O monte Sião que
escolhestes para morada (Sl 73,2). E o Apóstolo: Vós vos aproximastes do
monte de Sião (Hb 12,22). Não será uma alusão ao grupo dos apóstolos,
escolhidos entro o antigo povo da circuncisão?
Tal
é, pois, Sião ou Jerusalém, que recebeu a salvação de Deus, e que foi
edificada sobre o monte de Deus, isto é, sobro o Verbo, seu Filho
único. A ela, que subiu ao alto monte, é que Deus ordena anunciar a
palavra da salvação. Mas quem anuncia a boa-nova, senão o coro dos
evangelistas? E o que significa anunciar a boa-nova? É proclamar a
todos os homens, e em primeiro lugar às cidades de Judá, a vinda de
Cristo à terra.
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