A Palavra de Deus (Gn 1) narra a verdade fundamental do homem, criado à imagem e semelhança de Deus.
Saber que fomos criados por Deus em um
desígnio único de amor nos distingui das outras espécies de criaturas;
faz de cada um de nós únicos, dignos de todo o respeito e admiração.
Porém, destruímos esta verdade quando reduzimos nossa beleza de
criaturas a adjetivos como melancia, morango, pera, melão, tanquinho,
sarado, etc. Todas estas definições são pobres diante da nossa essência,
oriunda do Criador, que é o Belo por excelência. É semelhante a alguém
que pode ganhar uma linda obra de arte, mas prefere ficar com o
rascunho.
Somos chamados a viver a plenitude em Deus, assumindo que, se existimos é
porque o Senhor nos criou, não por um desígnio qualquer, de uma coisa
qualquer, mas Ele nos criou a partir de Sua própria natureza.
O certo é que não entendemos o mistério
desta imagem e semelhança, pois, diante de tantos padrões de “beleza”,
não conseguimos definir qual é a imagem de Deus nos homens; nos
questionamos, inclusive, se os mais “belos” são os mais “abençoados”.
Ora, beleza, no sentido estético, não possui correlação com imagem e
semelhança de Deus.
Todos os homens são belos, pois são
criados por Aquele que é belo por excelência: o Senhor. Sendo assim,
tudo o que Ele faz é bom. Por consequência, somos belos, lindos, e
podemos dizer: “Sou belo, pois o Senhor me criou assim”.
Destruímos esta verdade quando reduzimos nossa beleza a adjetivos como melancia, morango, pêra, tanquinho, sarado…
A beleza que nós infelizmente buscamos e
colocamos como finalidade da nossa corporeidade tem sido fruto de um
padrão cultural, não necessariamente decorrente da criação.
O sentido verdadeiro de ser imagem e
semelhança do Senhor pode ser encontrado nas catequeses do Papa Beato
João Paulo II no início de seu pontificado. Estas deram origem à chamada
“Teologia do Corpo”.
Em uma destas catequeses ( de 6 de
dezembro de 1978), o Santo Padre nos ensinou que, na narrativa da
criação do homem, Deus manifesta o desejo de colocar o homem em
evidência diante das outras criaturas. É como se o Criador
entrasse em Si mesmo e, de modo particular, tirasse o homem do mistério
do Seu próprio ser, ou seja, da Sua imagem.
Sendo assim, a imagem deve “espelhar”,
quase reproduzir “a substância” do seu Protótipo. O Criador diz também: à
nossa semelhança. É óbvio que não se deve entender como um “retrato”,
mas como ser vivo, que viva uma vida semelhante à d’Ele. A definição do
homem “imagem de Deus” evidencia aquilo que faz com que este homem seja
“um ser distinto de todas as outras criaturas do mundo visível”, afirmou
o Santo Padre.
Portanto, somos chamados à existência
por um ato de amor do Senhor. Assim, belos desde origem, uma vez que ser
imagem e semelhança é participar da vontade de Deus e comunicá-la aos
homens, pois “Deus, vendo toda a sua obra, considerou-a muito boa” (Gn
1, 31). Devemos assumir a iniciativa do Senhor em nos criar à sua imagem
e semelhança, assumindo que somos belos, porque o Senhor nos fez assim!
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