Jesus Cristo realmente trouxe uma nova visão para os conceitos
humanos. Quebrou nossos paradigmas e padrões. Depois do Filho de Deus,
nem o senso comum pode ser visto da mesma forma.
A
São Paulo, após sua conversão, só restou dizer: “Todo aquele que está
em Cristo é uma nova criatura” (cf. II Cor 5, 17). Tudo se faz novo, um
novo olhar nasce a partir do encontro com o Senhor. Ninguém, na história
da Bíblia, saiu da presença de Jesus da mesma forma, pois sempre algum
desafio era lançado para a pessoa atraída por Cristo, além da
transformação natural provocada pela força de Sua presença. Contudo, o
mais interessante é que Jesus continua desafiando e atraindo as pessoas
para Ele.
Gente humilde, de bom coração, que busca viver de um modo
coerente, procurando sempre a verdade. Às pessoas assim, Deus tende a
revelar-se.
Nosso Mestre, ainda hoje, traz um modo de viver diferente, capaz de
dar sentido à vida, curar relacionamentos e ensinar o servir com
gratuidade.
No relato do Evangelho, vemos vários exemplos que mudam os costumes e
redimensionam as pessoas a uma releitura do modo com que vivemos. Em
São Mateus 5, 44, Jesus nos impele: “Eu, porém, vos digo: amai vossos
inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos [maltratam e]
perseguem.” Uma nova perspectiva surge com esse mandato.
O desafio está em superar o orgulho e a vaidade. Não basta amar e
orar pelos nossos, isso todos fazem; o novo conceito é ir além, ao
encontro do outro, amar aqueles que, aos nossos olhos, não merecem atos
de caridade; amar quem não nos ama. Isto é revolução no pensamento,
transformação do senso comum do homem de todos os tempos. Serviu para as
pessoas daquela época, serve também para os homens de boa vontade de
nossa época.
Todavia, aos que não se contentam com o ordinário, característica
própria da juventude, nosso Senhor lança desafios ainda maiores.
Continuamos em São Mateus, agora capítulo 19, 21 e 22. Um jovem procura
pelo bom Mestre, ávido por algo profundo. No entanto, não tem coragem o
suficiente para encarar o desafio ao qual Jesus lhe propõe: “Se queres
ser perfeito, vai, vende teus bens, dá-os aos pobres e terás um tesouro
no céu. Depois, vem e segue-me! Ouvindo estas palavras, o jovem foi
embora muito triste, porque possuía muitos bens”.
“não vos contenteis com nada menos do que os mais altos ideais” Beato João Paulo II
Com isso, vemos que Cristo tem um intento para cada um de nós, e cada
pessoa humana é vista de um modo muito particular por Ele. Foi o caso
do jovem rico. Jesus tinha um plano a altura da profundidade do coração
daquele jovem, porém, o moço, entristecido, não correspondeu ao chamado
do Senhor.
Isto frequentemente acontece conosco. Jesus tem grandes projetos a
nosso respeito, no entanto, nem sempre somos audaciosos nos caminhos
desejados por Deus. Às vezes, vacilamos, pensamos muito pequeno, nossa
visão se limita às coisas da terra. Apegados aos nossos bens terrenos,
muitas vezes em nós mesmos, preferimos seguir tristes a aderir ao plano
de Deus para nossa vida.
No Evangelho sinóptico de São Lucas, Jesus segue nos admoestando: “E
se fazeis bem aos que vos fazem bem, que recompensa mereceis? Pois o
mesmo fazem também os pecadores” (cf. Lucas 6,33). Sendo assim,
conseguimos compreender que Jesus não nos quer igual a todos, tendo em
mente que não somos melhores, mas chamamos a atitudes diferentes.
Cristo Jesus nos convoca a viver uma verdadeira gratuidade em nosso
doar-se. Nossas ações precisam ser movidas de compaixão e misericórdia.
Servir sem nada esperar.
Como as palavras de Cristo continuam atuais! Percebemos isso
com o avanço do capitalismo. Tudo precisa gerar lucro, “tempo é
dinheiro”, porém isso fica a cabo dos outros, porque a nós cristãos cabe
sermos livres de recompensas.
Viver esta proposta é remar contra a correnteza. E quem disse que
Jesus não quis isto? O belo de Jesus é esta provocação, porque Ele sabe
que o coração do homem precisa de desafios, de sentido, de ser como todo
mundo entedia. Observamos isso ao longo da história. Quantos homens
foram tocados e instigados a viver de um modo diferente! Temos a vida
dos santos que foram conquistados por Jesus e souberam fazer a leitura
da proposta de Cristo. Deste modo, a vida dessas pessoas servem de
modelo para nós, pois viveram na carne esta experiência do encontro com o
Senhor, responderam positivamente ao chamado de Deus. Se eles
conseguiram, porque nós não iríamos conseguir também?
O Beato João Paulo II foi um desses grandes homens que marcaram a
história da humanidade. Ele nos incita com belas palavras: “não vos
contenteis com nada menos do que os mais altos ideais”. É isto que Jesus
quer de nós, altos ideais, juntamente com uma vida instigante.
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